A pandemia causada pelo Covid-19 impactou profissionais de todas as categorias, inclusive os dentistas. Mas a retomada à normalidade fundamental exige absoluta atenção em cada situação que vai ocorrer no dia a dia do consultório.

Por experiências globais se sabe que o caminho mais largo que o Coronavírus se movimenta é o contato direto ou indireto em que o vírus consegue “pular” de um indivíduo para outro. O mecanismo é simples e explosivo. A carona que o Corona pega nos flúidos, especialmente a saliva, para conectar duas pessoas. 

O fundamental não é só o uso de mascaras, luvas e etc, mas saber como travar esta transferência. Exemplo: o uso de luvas protege o usuário? E a resposta é um minúsculo sim. Explicamos: Se uma pessoa A, usando luvas tocar em uma superfície contaminada e posteriormente coçar os olhos, fica óbvio que o Coronavirus vai encontrar o caminho de contaminação do usuário da luva.

Por outro lado, se outra pessoa B, sem luvas, também tocar na superfície contaminada e após este contato estiver ligada no mantra “se eu não sei o estado da superfície, tenho que considera-la suja” e não tocar com as mãos na face e na primeira oportunidade lavar bem as mãos ou usar álcool gel. Pergunta: quem vai se contaminar a pessoa de luva ou a outra sem luva?

Então, a regra mais importante na proteção contra a pandemia é ESTAR LIGADO e não creditar ao simples uso de equipamento de proteção individual (EPI), como a salvação da lavoura. 

Agora podemos falar da sua segurança no seu consultório. Você já estudou como evitar as contaminações cruzadas. No consultório são muito mais comuns as contaminações pelo sangue.

No Novo Normal, além das proteções contra contaminações cruzadas padrões, você precisa FICAR LIGADO na qualidade do seu ambiente de trabalho.

Profissionais da área de Odontologia necessitam de muita atenção e cuidado, uma vez que durante o atendimento, podem ficar extremamente expostos em virtude dos aerossóis da sua caneta de alta rotação ultrassom e etc. 

Assim, a biossegurança é essencial para se atender um paciente em tempos de Covid. 

Pensando nisso, elaboramos algumas dicas de orientação, seguindo cartilha elaborada pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), para que você possa atender seus pacientes com segurança e continuar exercendo sua profissão. 

1 – Quando possível, faça uma pré-consulta 

Quando você lida com pacientes agendados, os quais é possível entrar em contato com eles antes, o CFO recomenda uma pré-consulta, para que você tenha certeza de que o paciente não apresenta sintomas da Covid-19. 

Caso apresente sintomas, a orientação é que o paciente desmarque a consulta e busque atendimento médico. 

2 – Anamnese detalhada 

Na anamnese, inclua perguntas específicas sobre a Covid-19. Alguns exemplos são perguntar se o paciente teve febre nos últimos 14 dias, se teve contato com alguma pessoa na qual foi confirmada a infecção pelo coronavírus nos últimos 14 dias. 

Se o paciente responder SIM a qualquer uma dessas perguntas, o paciente deve ser orientado a permanecer em casa. Sintomas de síndrome gripal também podem ser relatados e da mesma forma, o paciente deve ser orientado a ficar em quarentena por pelo menos 14 dias. 

Pacientes com sintomas de infecção respiratória só devem ser tratados em casos de emergência. Nos demais casos, o tratamento deve ser postergado para pelo menos 14 dias, preferencialmente por 1 mês. 

3 – Evite aglomeração de pacientes na recepção 

No intuito de evitar aglomeração de pessoas, o ideal é atender somente um paciente por horário agendado e orientar o paciente a vir sozinho para o atendimento. 

A aglomeração de pessoas é um dos principais fatores que podem levar ao aumento dos casos de transmissão do Coronavírus19, portanto, é importante colaborar para a prevenção. 

4 – Meça a temperatura 

Uma atitude que deve se tornar padrão é medir a temperatura de seu paciente. Caso ele tenha vindo ao consultório com um acompanhante, a aferição da temperatura do acompanhante também deve ser realizada. 

Utilize preferencialmente termômetros de testa, ou seja, termômetros que não precisam entrar em contato com o paciente. 

5 – Oriente quanto ao uso de máscaras na recepção 

Os pacientes agendados devem vir ao consultório usando máscaras. No estado de São Paulo, por exemplo, o uso de máscara é obrigatório em todo o estado, podendo o indivíduo ser multado se for encontrado sem máscara. 

O paciente deve adentrar à recepção usando máscara e deve fazer a higienização das mãos assim que adentrar o recinto. 

O mesmo vale para quem trabalha no consultório, como recepcionistas, por exemplo, que também devem estar usando máscara. 

6 – Higiene das mãos 

Tenha sempre à disposição álcool gel na recepção. O paciente deve ser orientado a fazer a higiene das mãos frequentemente, bem como toda a equipe que trabalha no consultório (recepcionistas, por exemplo). 

7 – Uso indispensável de equipamento de proteção individual adequado 

Os dentistas são uma categoria profissional profundamente exposta ao coronavírus em virtude dos aerossóis formados durante o atendimento. 

Portanto, o uso de equipamento de proteção individual (EPI) adequado é essencial. 

No caso da anamnese e exame clínico, poderão ser utilizados avental de proteção, preferencialmente descartável, gorro, luvas, máscaras cirúrgicas e óculos de proteção. Há profissionais que também preferem usar os chamados face shields ou protetores faciais

Os protetores faciais não substituem as máscaras. 

No momento do atendimento, em procedimentos que geram aerossóis, a máscara de escolha é a N95 ou PFF2. A máscara N95 deve ser usada somente por 4 horas. 

Os demais EPIs devem ser trocados a cada paciente e sempre retirados na própria sala clínica. 

Deve ser feita a higienização das superfícies com álcool 70, peróxido de hidrogênio a 0,5% ou hipoclorito de sódio a 0,1%, sempre utilizando EPI adequado quando a limpeza for feita. 

Deve se ter bastante cuidado ao retirar o EPI, pois nesse momento pode haver contaminação do profissional. Assim, retire a máscara pelas tiras e nunca toque na parte da frente da máscara. O EPI usado deve ser colocado junto com o lixo contaminado. 

A equipe do consultório também deve ser treinada. 

8 – Cuidados extras 

  • Usar barreiras de proteção e trocá-las a cada atendimento; 
  • Pacientes devem fazer bochecho com solução de peróxido de hidrogênio a 1% antes do atendimento; 
  • Opte por procedimentos que produzam menos aerossóis, como instrumentos manuais para remoção de tártaro e cárie; outra opção é a utilização de motores elétricos ao invés da canete de alta rotação;
  • Use isolamento absoluto sempre que possível; 
  • Use sugadores potentes, como os de bomba a vácuo, para diminuir a disseminação de aerossóis para o ambiente; 
  • Prefira sempre material descartável, como as seringas carpule JetClean, que são descartáveis; 
  • Realize a esterilização de peças de mão na autoclave de um paciente para outro; 
  • A equipe deve ser sempre monitorada. Qualquer membro da equipe que apresente alteração da temperatura deve ficar em isolamento por pelo menos 14 dias. 

9 – Orientação e vigilância 

A orientação de pacientes, bem como de toda a equipe que trabalha com você é fundamental. Afinal, o cirurgião-dentista é um profissional da área da Saúde e deve sempre executar seu melhor para promoção da saúde de seus pacientes. 

Portanto, esteja vigilante quanto à biossegurança de todo atendimento, para que a cadeia séptica não seja quebrada, bem como para que os riscos sejam minimizados para você e sua equipe. 

Conclusão 

O atendimento odontológico em tempos da pandemia de Covid-19 deve seguir todos os procedimentos possíveis para evitar a disseminação do vírus, bem como tornar o atendimento seguro tanto para o paciente como para o profissional. 

  • Referência 

Conselho Federal de Odontologia – Recomendações para atendimentos odontológicos em tempos de Covid-19. In: http://website.cfo.org.br/wp-content/uploads/2020/05 HYPERLINK “http://website.cfo.org.br/wp-content/uploads/2020/05/Cartilha-cfo-covid19.pdf”/Cartilha-cfo-covid19.pdf