Saber quais anestésicos ter no consultório odontológico é essencial para enfrentar com tranquilidade as variadas situações clínicas.

Obviamente, ter uma grande variedade de anestésicos depende de alguns fatores, tais como, sua área de atuação, bem como preferências pessoais.

Mas, vamos te dar uma lista resumida das melhores opções de anestésicos para se ter no consultório, abrangendo diferentes possibilidades clínicas, bem como variadas situações de pacientes. Confira!

Quais anestésicos ter no consultório odontológico?

Antes de falar sobre quais anestésicos ter no consultório odontológico, é importante citar alguns fatores que influenciam nessa escolha. Assim, vamos relembrar alguns conceitos importantes.

Anestésico com e sem vasoconstritor

O vasoconstritor é um componente de alguns anestésicos locais. Dentre os mais conhecidos estão a adrenalina, noradrenalina e felipressina. Esses vasoconstritores potencializam o efeito anestésico.

Porém, vale lembrar que alguns pacientes não podem (ou não é recomendado) com adrenalina, por exemplo. Mas, o uso de anestésicos sem vasoconstritor é recomendado em casos muito específicos, visto que o efeito anestésico é bem pequeno.

Além disso, a fonte adrenérgica mais prejudicial é a adrenalina endógena, produzida pelo próprio paciente, em surtos de ansiedade, por exemplo.

Por isso, conversar com o paciente, deixá-lo calmo é essencial para que a anestesia tenha o efeito desejado.

E obviamente, saber a quantidade certa de tubetes a serem aplicados, baseado na toxicidade do anestésico e na saúde do paciente, bem como executar a técnica anestésica com precisão são dois fatores essenciais para o sucesso do procedimento.

Duração do efeito anestésico

Ter diferentes opções de anestésicos no consultório vai também depender dos procedimentos realizados pelo cirurgião-dentista.

Por exemplo, para aquele profissional que executa várias cirurgias, um efeito anestésico mais prolongado é ideal. Assim, ter mepivacaína, ou bupivacaína, por exemplo, pode ser uma boa opção para procedimentos odontológicos cirúrgicos mais complexos.

Já procedimentos restauradores, por exemplo, respondem muito bem a anestesia com lidocaína com vasoconstritor. Assim, um profissional que só executa procedimentos restauradores e não faz cirurgias, dificilmente terá uma alta demanda de mepivacaína ou bupivacaína em seu consultório.

Profissionais na área de Odontologia que trabalham com harmonização orofacial e fazem preenchimento, por exemplo, podem se sentir confortáveis trabalhando com lidocaína com vasoconstritor, visto que a anestesia infiltrativa, bem executada, tem bons resultados nesses procedimentos.

Tipo de pacientes atendidos

Outro fator determinante para a escolha de quais anestésicos ter no consultório odontológico é o tipo de paciente atendido.

Claro que não se pode prever se o paciente que adentra o consultório tem alguma comorbidade ou complicação, mas alguns cirurgiões-dentistas preferem encaminhar pacientes como gestantes, por exemplo, ou pacientes que apresentam algum distúrbio cardíaco, para especialistas.

De fato, alguns especialistas preferem inclusive entrar em contato com o cardiologista, no caso de pacientes cardiopatas, para ter a liberação para executar procedimentos mais complexos nesses pacientes.

Outros grupos de pacientes que demandam maior cuidado são diabéticos, pacientes com problemas renais e pacientes com problemas pulmonares.

Isso porque a metabolização do sal anestésico, nesses pacientes, pode gerar complicações. No caso das gestantes, por exemplo, o uso de prilocaína pode levar à contração uterina. E a mepivacaína tem seu metabolismo dificultado pelo feto, não sendo também recomendada.

Já para pacientes diabéticos e nefropatas, os anestésicos prilocaína e lidocaína não são os mais indicados, visto que o metabolismo e a excreção desses fármacos, pelo sistema renal, pode ser mais dificultado.

Assim, haverá mais anestésico livre no plasma, o que pode levar a reações de toxicidade.

E para pacientes cardiopatas, a epinefrina deve ser evitada como vasoconstritor, pois ela pode gerar depressão do sistema nervoso.

Principais tipos de anestésicos

Os principais tipos de anestésicos a ter no consultório odontológico são descritos a seguir.

Anestésico tópico

Geralmente composto por benzocaína ou lidocaína, o anestésico tópico tem efeito principalmente antes da injeção da anestesia infiltrativa ou por bloqueio.

Isso ajuda o paciente a relaxar, portanto, pode ser uma boa opção. Seu efeito anestésico é bem pequeno na mucosa, assim, seu efeito em anestesia intra-bucal é mais para o bem-estar momentâneo do paciente, na hora da injeção da agulha na mucosa.

Cloridrato de lidocaína

Um dos anestésicos mais conhecidos e utilizados é a lidocaína, considerada o “padrão ouro” na odontologia. Há versões com vasoconstritor (adrenalina) e sem vasoconstritor, na concentração de 2%.

Sua meia vida é de 90 minutos. Pode ser aplicada em gestantes e tem dose máxima recomendada de 7 mg/kg do paciente, não devendo ultrapassar 500 mg. A lidocaína com vasoconstritor é o anestésico recomendado para pacientes hipertensos controlados.

Caso opte pelo vasoconstritor, a melhor opção é a lidocaína a 2% com adrenalina 1:100mil.

Cloridrato de mepivacaína

Uma boa opção para procedimentos cirúrgicos mais prolongados, em que se deseja um efeito anestésico mais duradouro, a mepivacaína tem meia vida de 2 horas aproximadamente.

Sua absorção é bem rápida, portanto, deve-se evitar a sobredosagem e seu uso deve ser restrito a pacientes adultos.

Para o cálculo da dose máxima, observar a conta de 6,6 mg/kg de peso corporal, não podendo ultrapassar 400mg. Há versões com vasoconstritor (epinefrina ou levonordefrina) e sem vasoconstritor.

Cloridrato de articaína

A articaína é também bastante utilizada na Odontologia, devido à sua potente ação. O início do efeito anestésico é bastante rápido e sua meia vida é de 27 minutos.

Sua dose máxima é de 7mg/kg em pacientes adultos, não sendo recomendado seu uso em público infantil. Não é recomendada para gestantes.

Prilocaína

Tanto articaína quanto prilocaína não são recomendados para gestantes, visto que esses anestésicos podem levar à metaglobinemia, tanto na gestante quanto no feto. A prilocaína tem meia vida de 1,6 horas e geralmente está associada ao vasoconstritor felipressina.

Pacientes hipertensos podem utilizar prilocaína 3% com felipressina 0,03 UI/ml, os quais não produzem alterações no sistema cardiovascular.

Agora que você já tem as informações essenciais dos principais anestésicos a ter no consultório, a escolha nesse rol depende muito da sua área de atuação, bem como do tipo de pacientes que você normalmente atende no consultório.

Mas, vale a pena lembrar que é sempre importante ter ao menos uma opção para pacientes com comorbidades ou que apresentam alguma condição clínica importante, a qual deve ser considerada na hora da escolha do anestésico.